Desencontros

 

Que lhe resta viver, por desencontros,
se, de tudo, somente os desenganos
foram sempre fieis aos seus encontros,
nas esquinas escuras do seus anos?

Que mais querem roubar-lhe os insensíveis
abutres, de negruras mal cheirosas?
Por que lhe atiram pedras tão terríveis
em vez de lhe ofertarem poucas rosas?

Por quem a tomarão nas desventuras?
Sendo a mais infeliz das criaturas
que seu fardo de cruzes carregou?

Que, um dia, por alguém seja lembrada:
- A amante que, logrando ser amada,
foi somente a mulher que muito amou.

 

                                                                         Alma de Almeida