Foi sem querer
(Momento virtual)

 

Foi sem querer
que nos encontramos
numa sala sem chão, 
numa noite vazia,
no tempo solidão
de uma hora tardia...

Foi sem querer
que a gente se teclou.
Você tão eloqüente
e eu tão reticente...
Seu nick me assustou.
Meu nick o conquistou. 

Foi sem querer
que voltamos depois.
E depois...mais depois...
E ficamos os dois 
repetindo a emoção,
laçados na trama da ilusão.

Foi sem querer
que nos fizemos constantes
chegantes...
Confidentes...
Carentes... Conscientes...
Envolventes... 

Foi sem querer
que desnudamos a imaginação
rompendo a tradição,
aprendendo a sonhar.
A esperar... A chegar...
A partir...
Despedir e voltar.

Foi sem querer
que nos abraçamos
rolando a madrugada sem dia.
Isolada do mundo.
Dormida no profundo
da nossa fantasia.

Foi sem querer
que transpiramos todos os segredos.
Exalamos lembranças esquecidas.
Sorvemos nossos medos.
E, unidos em gemidos,
fundimos nossas vidas.


Foi sem querer
que nos descobrimos 
na caricia dos beijos.
E nos despimos dos receios
revelando os desejos. 
E nos tocamos na imagem
silenciosa das letras.
E nos aconchegamos...
E nos completamos...

No espaço descoberto
o longe ficou perto,
o incerto fez-se certo,
o impuro foi tão puro.

Foi sem querer
que nos achamos
que nos amamos
e juramos 
nunca mais nos perder.

Foi sem querer, amor...
Foi quase sem querer...

 

                                                 Alma de Almeida