Infidelidade
 

Não sei se réu posso sabê-lo, em vida,
De estranho crime que à paixão levou.
Se vítima, não sei, da própria lida
Que o destino, cruel, lhe reservou.

Sei que, levando a sorte de vencida,
Malogrando venturas, continuou
A galgar os degraus de uma subida
Que tão penosa e rude lhe ficou.

E, ao chegar ao Tribunal Eterno,
Não sei se céu, ou se, talvez, inferno,
Pode valer-lhe a vida que viveu.

Mas, se justiça ainda lhe restou:-
Mundo - condena o corpo que pecou;
Deus - absolve a alma que sofreu!


                                                              Alma de Almeida