O BANCO 

 

Banco sujo de sol de primavera
onde a quimera da vida já brincou.

Banco, que adormeceu orvalhado de beijos
e se aqueceu no verão dos desejos.

Banco, que escondeu os desencantos
atrás das ilusões
e recolheu os sonhos desfolhados
que o outono arrancou dos corações.

 Banco, que desbotou as cores da lembrança.
Que abrigou farrapos da esperança
nas noites invernais.

Banco, que acomodou a solidão errante
no sono aconchegante da colcha de jornais.

Banco que me alivia a caminhada
e revigora o anseio de viver.
Junto de ti reponho as energias,
e me surpreendo,
retomando o sentido dos meus dias,
rumo ao entardecer.

  E, noite afora,
ora perdendo a luz, ora retendo o passo,
vou descobrindo estrelas pelo espaço.


                                                                     Alma de Almeida