Rua
Rua
de gente que passa
e ultrapassa
a visão.
Rua
de esquina quebrada
ferindo a calçada
riscada no chão.
Rua
de indecisões
em cruéis direções,
onde o passo escorrega
entre o "ir" sem "voltar"
e o "vir" sem "chegar".
Sou estranho andarilho
correndo no trilho
que a rua projeta.
Escondo-me atrás da sarjeta
fingindo dormir.
E sem aderir
ao sistema
rabisco um poema
falando da lua,
que branca flutua
na lama da rua.
Alma de Almeida
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