A fonte




Da espalda de um rochedo, gota a gota
límpida fonte sobre o mar caia,
Mas, ao vê-la tombar em seu regaço:

" O que queres de mim?" O mar dizia.
"Eu sou da tempestade o antro escuro;
Onde termina o céu aí começo;
Eu que nos braços toda a terra espreito,
De ti, tão pobre e vil, de ti careço?...

No tom saudoso do quebrar das águas
Ao mar, serena, a fonte assim murmura:

"A ti, que és grande e forte, a pobre fonte
Vem dar-te o que não tens, dar-te a doçura!"

 

                                                         Victor-Marie Hugo