Os versos que te dou

 

Ouve estes versos que te dou, eu os fiz
hoje que sinto o coração contente,
enquanto o teu amor for meu somente,
eu farei versos e serei feliz.

E hei de fazê-los pela vida em fora
versos de sonho e amor, e hei de depois
relembrar o passado de nós dois
esse passado que começa agora.

Esses versos repletos de ternura
são versos meus, mas que são teus, também.
Sozinha, hás de escutá-los, sem ninguém
que possa perturbar nossa ventura.

Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia, mais tarde, revivê-los,
nas lembranças que a vida não desfez.

E ao lê-los com saudade, em tua dor,
hás de rever, chorando, o nosso amor
e hás de lembrar, também, de quem os fez.

Se nesse tempo eu já tiver partido
e outros versos quiseres, teu pedido
deixa ao lado da cruz para onde eu vou.

Quando lá, novamente, então tu fores,
podes colher do chão todas as flores,
pois são versos de amor que ainda te dou.


                                                         José Guilherme de Araújo Jorge