Soneto XXV
O nosso
ninho, a nossa casa, aquela
nossa despretensiosa água-furtada,
tinha sempre gerânios na sacada
e cortinas de tule na janela.
Dentro,
rendas, cristais, flores... Em cada
canto, a mão da mulher amada e bela
punha um riso de graça. Tagarela,
teu cenário cantava à minha entrada.
Cantava...
E eu te entrevia, à luz incerta,
braços cruzados, muito branca, ao fundo,
no quadro claro da janela aberta.
Vias-me. E
então, num súbito tremor,
fechavas a janela para o mundo
e me abrias os braços para o amor!
Guilherme de Andrade e Almeida
|