Nós dois



Dois túmulos, nós dois... Ambos, ao peito,
Sob a insondável lápide marmórea,
Temos sepulta a interrompida história
De um desfortúnio mais do que perfeito.

A nossa vida é um campo santo feito
Somente para nós e para a inglória
Mágoa que sinto, a mágoa intransitória
Que te traz abatida desse jeito.

Pena é que esse mistério que nos cinge
Force a vivermos ambos, lado a lado,
Como uma esfinge junto de outra esfinge...

Sem que eu saiba o porquê de teu cuidado,
Sem que saibas que é em ti que se restringe
O meu silêncio de desventurado...
 


                                             Agnelo Rodrigues de Melo
                                           (Judas Isgorogota)