Paralelos
Paralelos de dor e de desdita,
De ânsia, de angústia e de padecimento,
De tortura, de mágoa e de tormento
Na nossa predestinação bendita!
Paralelos de sonho e sofrimento,
De anseios, de ilusões e de infinita
Aspiração; de luz, de encantamento
Nesse desejo bom que em nós habita!
Paralelos nós dois... E, todavia,
Nós dois andando pela mesma via
Cheia de cardos — todavia vemos
Que embora andemos como iguais criaturas,
Nem aqui, nem além, nem nas alturas,
Nem no infinito nos encontraremos!
Agnelo Rodrigues de Melo
(Judas Isgorogota)
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