A um manancial de água pura



No alto da escarpa, além, escorre e brilha
um leve, pequenino manancial:
é, entre rochas, uma fina estilha
de prata com sonidos de cristal.

Filha do morro, a fonte, boa filha,
agarra-se teimosa ao chão natal,
à trama das raízes, à escumilha
das ervas, aos farpões do pedregal.

Doce água! Aquele que a tomasse à fonte,
após lenta ascensão por duro monte,
esse a pudera bem julgar, enfim;

mas, não merece tanto esforço: escorre
abandonada e no abandono morre...
—  Dentro de nós há mananciais assim.



                                                Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado