Bucólica
Invejo a vida humilde da
criatura
dos lugares distantes, sossegados,
onde a terra é mais simples e mais pura
e os céus são transparentes e azulados...
Onde as
árvores crescem, na beleza
da galharia exuberante e farta,
e o sol transforma a inquieta correnteza
num dorso rebrilhante de lagarta...
E onde
galhos são mãos cheias de flores
e as flores, taças multicores, vivas,
servindo mel aos tontos beija-flores
e as borboletas trêmulas e esquivas...
Desses
lugares cheios de caminhos
como garotos, rabiscando o chão,
e onde os homens são como os passarinhos
que são felizes sem saber que o são...
E onde as
casas pequenas, de brinquedo,
com os olhos das janelas, como a gente
de dentro do aconchego do arvoredo
olham tudo ao redor, serenamente...
E onde o
sol sai mais cedo, e sobre a serra,
desdobra o seu lençol feito de luz
e acorda a seiva que intumesce a terra
nos campos verdes ou nos campos nus...
Gosto
desses lugares sossegados
onde a vida é mais simples e mais pura.
Os céus são transparentes e azulados
e é mais humana a humilde criatura...
José Guilherme de Araújo Jorge
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