Ante a
desolação da terra comburida,
O homem, depondo a enxada, acurvado de mágoa,
Pôs o joelho no chão e mal pôde dizer:
– "Deus! Com o sol que me dás, tu me tiras a
vida....
Manda-me por piedade um pouco d´água
Para o meu pobre gado não morrer!."
E apontava com o braço escarnado a campina
Onde os trapos daquela imensa ruína
Mugiam com vergonha de viver
– "Deus! Meu cavalo ontem morreu de fome e sede
Enterrei-o envolvido em minha rede:
Era o que tinha de melhor para lhe dar."
E, sem poder dizer tudo o mais que sentia,
Os braços alongando à tarde que morria,
O homem, junto à enxada, atirou-se a chorar...
E, sobre ele, choveu a noite toda, sem
parar.”