Última inspiração

 

Eu sempre fui feliz,
vivendo só sem ter amor, 
Mas o destino quis
roubar-me a paz de sonhador, 
E pôs no sonho meu um olhar de ternura, 
De alguém que, mesmo em sonho, 
roubou minha ventura. 
Sonhei com este alguém
noites e noites sem cessar, 
Por fim, alucinado,
fui pelo mundo a procurar, 
Aquele olhar tristonho da cor do luar, 
Mas tudo foi um sonho,
pois não pude alcançar. 


Mas na espinhosa estrada desta vida,
sem querer, um dia, 
Encontrei com este alguém
que tanto eu queria 
E este alguém que,
mesmo em sonho, 
e amei com tanto ardor
não compreendeu a minha dor. 
Foi inspirado então
na ingratidão de quem amava tanto 
que fiz esta triste valsa,
triste como o pranto 
que me mata de aflição, 
bem sei que esta valsa será 
a minha última inspiração