Mujer

(Interpretação de Juan José Torres)

 

Abeja blanca zumbas - ebria de miel - en mi alma 
Abelha branca zumbes - ébria de mel - em minha alma 

Y te tuerces en lentas espirales de humo. 
E te torças em lentas espirais de fumaça. 

Soy el desesperado, la palabra sin ecos, 
Sou o desesperado, a palavra sem ecos, 

El que lo perdió todo, y el que todo lo tuvo. 
O que perdeu tudo, e o um que todos teve

Última amarra, cruje en ti mi ansiedad última. 
Última amarra, repousa em ti minha última ansiedade

En mi tierra desierta eres la última rosa. 
Em minha terra deserta és a última rosa. 

Ah silenciosa! 
Ah silenciosa! 

Cierra tus ojos profundos. Allí aletea la noche. 
Fecha teus olhos profundos. Neles tremula a noite. 

Ah desnuda tu cuerpo de estatua temerosa. 
Ah desnuda teu corpo de estátua temerosa

Tienes ojos profundos donde la noche alea. 
Tens olhos profundos onde a noite brilha. 

Frescos brazos de flor y regazo de rosa. 
Frescos braços de flor e colo de rosa

Se parecen tus senos a los caracoles blancos. 
Teus seios se parecem aos caracóis brancos

Ha venido a dormirse en tu vientre una mariposa de sombra. 
Veio dormir em teu ventre uma borboleta de sombra. 

Ah silenciosa! 
Ah silenciosa

He aquí la soledad de donde estás ausente 
Há aqui a solidão de onde estas ausente. 

Lueve. El viento del mar caza errantes gaviotas. 
Chove. O vento do mar caça gaivotas errantes. 

El agua anda descalza por las calles mojadas. 
A água anda descalça pelas ruas molhadas. 

De aquel árbol se quejan, como enfermos, las hojas. 
Daquela árvore reclamam , como enfermas, as folhas

Abeja blanca, ausente, aún zumbas en mi alma. 
Abelha branca, ausente, ainda zumbes em minha alma. 

Revives en el tiempo, delgada y silenciosa. 
Revives no tempo, elegante e silenciosa

Ah silenciosa! 
Ah silenciosa!

 

                                                    Neftalí Ricardo Reyes Basoalto
                                                           (Pablo Neruda)